Bem vindo

No mundo ficiticio de Gor muitas historias se desenrolam, essa é apenas uma, nos links de blogs ha historias de outros que tem seus caminhos cruzados e costurados pela agulha do destino, suas vidas contadas nas trilhas desse mundo brutal.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A Reunião no Grande Salão



Estavam as duas diante do trono. Ambas tinham vindo na embarcação junto conosco. A primeira tinha o rosto altivo, o maxilar firme de quem traz muita força consigo, mas o olhar estava aflito. Eu podia ver o medo neles. O que ela temeria? Sempre há o que temer, quando se é mulher e se viaja sozinha. O cabelo negro estampava uma mecha tão branca quanto à neve nas montanhas. Mas ela era jovem e bonita.  Os trajes eram simples como os de uma camponesa e suas mãos se apertavam nervosamente, apesar de tentar transparecer calma eu podia sentir que em seu interior ela estava agitada como o mar em uma tempestade. Seu nome era Aer, uma healer, e acabava de prestar juramento de lealdade ao grande Jarl.

A outra estava em farrapos, cabelos desgrenhados, olhos inchados pelo choro e tinha as mãos amarradas. Era uma captura, adquirida de um ataque, mas ainda não tinha o colar. Apesar do estado, os modos e os gestos delicados e elegantes acusavam seu bom nascimento. Talvez filha de algum rico mercador do sul, o que poderia render um bom resgate, ou mesmo um preço mais elevado na venda como escrava. Draco as inqueria sobre quem eram e de onde vinham. Liane era o nome da segunda, e para espanto de todos, era filha de Cassius de Lydius, escriba na cidade que agora pertencia a Draco, estava sendo levada para o seu contrato em Rives-de-Bois quando sua embarcação foi ataca, e propunha ajudar o Jarl na conquista da cidade em troca de sua liberdade.

Um burburinho circulou o salão. Eu mesma não pude esconder minha surpresa. Draco ponderava sobre as alternativas. Como ela sabia de Rives-de-Bois?  Não era segredo ali dentro o próximo passo do Jarl na guerra, todos os livres tinham sido chamados e a reunião tinha essa finalidade também, acertarem os pontos para levantarem velas em direção à batalha. Rives –de – Bois tomada permitiria o controle total da floresta do norte e fecharia esse acesso para o norte. Logo os Jarls se manifestavam. Riam e pediam o colar para ela. A garota tentava manter a aparente coragem enquanto os protestos aumentavam no salão.

Foi à voz de Draco que silenciou o salão. Ele queria saber o quanto ela conhecia a cidade e se podia desenhar um mapa. Meus olhos foram na direção da outra mulher, Aer, que agora bebia do mead servido por Helga. Ela parecia aliviada com sua aceitação e entornava a bebida quase de um gole. Eu percebi o tremor de suas mãos enquanto ela sentava-se e focava sua atenção na cena que se desenrolava no salão. Eu tinha interesse nela.  Aer, a healer, dizia ter vivido entre o povo das areias. Se ela tinha estado no Tahari, talvez eu conseguisse alguma noticia de Ivar.

Liane gaguejou quando o mapa lhe foi pedido, percebi que ela buscava forças dentro de si para conseguir. Havia determinação naquela mulher. Apesar de ela garantir que poderia fazer o mapa, nem todos estavam convencidos da utilidade dela. Urgrim, um dos Jarls presente na sala, se opunha veementemente enquanto sua escrava Amora, parecia se estranhar com Helga. Ajuda de uma mulher para conseguir o que um homem deve conquistar pelo aço. Ele não era o único a ter essa opinião. O olhar de Draco cruzou o meu antes de informar Liane sobre a tomada de Lydius e dar seu veredicto.

Vi a garota vacilar e os olhos encherem-se de agua quando Draco falou da queda de Lydius. Ódio e dor foram o que pude ver no momento em que busquei os olhos dela.  O chão tinha sido tirado de seus pés.  Lydius pertencia ao inimigo, o destino do pai era incerto bem como o seu destino. Ela parecia prestes a desmaiar de tanta tensão, mas ainda se agarrava na esperança de conseguir sua liberdade ajudando os nortenhos.

Para Draco, a decisão já tinha sido tomada.  A mulher estava sob seus domínios, pertencia a ele. O colar por hora não seria colocado, como livre ela seria tratada e teria transito livre apenas dentro da vila, enquanto ele julgasse conveniente.  Caso ela tentasse fugir, poderia ser tomada por qualquer homem da vila, feita escrava ou mesma morta. Era a sua decisão final e foi eu mesma que a retirei daquele salão sob o pesado silencio que reinava nele. Ninguém ousaria ir contra as ordens do Jarl e ele deixava claro que tinha planos para ela. Tratei de providenciar trajes adequados à sua condição de livre e garantir que fosse alimentada.  

Algo naquelas duas mulheres me intrigava.  Quando ambas cruzaram o olhar, tive a vaga impressão de que já se conheciam.  E a healer, quando me olhava, era como se quisesse buscar algo na memoria. Teria ela já me visto? Saberia ela quem eu sou? Creio que ambas trazem seus segredos e que há muito mais sobre elas do que nos foi revelado no grande salão. Mas por hora, é na healer que esta meu interesse, talvez ela me de noticias de Ivar.  Devo encontrar uma maneira de me aproximar.




quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Sessrumnir

A Partida


       Foram mãos e mãos de viagem, subindo o Laurius, serpenteando as margens das florestas do norte ate chegarmos ao nosso destino.  Eu estava na cabine de meu senhor quando ouvi o grito avisando que avistavam terra firme. Olhei pelas frestas tentando ver algo. Eu estava nua como era do desejo de Draco e me mantivera assim durante toda a viagem. Draco me manteve restrita aos seus aposentos, exigindo meu corpo e minhas curvas para o seu deleite. Quando se fazia necessário, eu deixava a cabine, vestida com trapos feitos de sacas de sa-tarna, emprestados de uma das escravas que partilhava o porão do navio. Eu era agora era uma escrava.                                       


          A partida de Lydius havia se dado em meio à noite. Draco não ousaria deixar Thassia sozinha naquela cidade que ocultava tantos inimigos à sombra. Deixei Lydius como a Jarl Woman, juntamente com minha filha e com algumas escravas embarcamos na serpente de Draco. Para o conhecimento de todos, o Hi Jarl, retornava à Tsiq-jula para deixar as mulheres em lugar seguro antes de partir para a guerra. 


      Foi antes de o navio aportar em Tsiq-Jula que a troca foi feita. Longe da vista e conhecimento de minha filha, fui despida e uma escrava tomou meu o lugar. Era Naala, uma jovem recém-adquirida, com estatura semelhante à minha e cabelos tão negros quanto o meu. O véu lhe cobria o rosto e os trajes de livre lhe conferiam a discrição necessária.  Minhas bagagens partiram com ela e me pergunto qual teria sido a reação de minha filha ao perceber o engodo. Sinto pena de Locke ao tentar responder às indagações de Thassia, mas tenho certeza ele não revelaria a verdade a ela. Ele cumpriria o prometido, informando apenas que a mãe partira para Ar a pedido de seu pai e caberia a ele, de agora em diante, mantê-la segura. Conhecendo o temperamento de minha filha, tenho certeza, não deve ter sido uma missão fácil. Assim, minha condição de escrava seria um segredo nosso e em nada afetaria a vida de Thassia ou a minha posteriormente.  No final daquela guerra seriam apenas o Hi Jarl e sua Jarl Woman retornando para casa. Era um plano perfeito, ou pelo menos imaginávamos que fosse.


Sessrumnir


       Ouvi a porta da cabine se abrir. Era Draco avisando que enfim tínhamos alcançado o nosso destino. Sessrumnir, um posto avançado nas florestas do norte, o primeiro ponto de partida para os ataques que os nortenhos pretendiam lançar para fechar qualquer acesso pelo Laurius ou pela floresta do norte. Vesti-me com os trapos que tinham me sido dados. Havia me esquecido o que era ser escrava, com o conforto e privilégios dispensados a uma lady, eu me vi desacostumada a trajes baratos, não fosse o estar junto dele com certeza não estaria satisfeita. Procurava não deixar que ele percebesse esses meus momentos de desconforto. Quis saber sobre o posto e o que me aguardava. Draco pacientemente me deixava a par. Segundo ele era um vilarejo seguro e protegido, onde passaríamos um tempo antes de levantar as velas.

           Alguns hábitos são difíceis de mudar. Ali entre as paredes da cabine, ele ainda me tinha como sua companheira. Mesmo o colar que meu pescoço ostentava, não conseguia afogar anos de uma vida em comum. Draco sempre foi um homem rigoroso e um mestre exigente, mesmo como sua companheira eu vivia sob a mais estrita disciplina e apesar da liberdade de minha posição, eu sempre soube o meu lugar.  Ali agora não era diferente. Mesmo rígido, meu senhor era generoso e só me cobrava à postura de escrava quando deixava a cabine. Ele não precisou me avisar, ou mesmo pautear as condições. Eu fui escrava tempo o suficiente para saber como devo me portar e não envergonha-lo. Mas foram muitos anos sem sentir o peso do colar, eu tinha que me adaptar.





           Eu percebia os olhos deles, verdes e profundo, indagadores, sempre buscando nos meus algum sinal de desagrado.  Eu sabia que em seu intimo, ele temia que eu desistisse da ideia, que não fosse feliz ou não me adaptasse novamente aquela vida.  Mas um mestre conhece sua escrava a fundo e Draco sabia me ler, nem que eu quisesse não conseguiria ocultar. Aprendi que certas coisas devem ser transparentes para que possam ser trabalhadas e a confiança deve ser plena, ou não há entrega completa.  E quando ele me perguntou o deixei saber que eu podia estar desacostumada, mas não arrependida, que para mim bastava estar com ele e que não me importava se era ao seu lado ou aos seus pés.

               Ali no convés, juntamente conosco eu pude ver a livre que tinha seguido viagem conosco, uma mulher que tinha sido capturada em uma das incursões de Draco pela floresta. Ele tinha a curiosidade em saber o que ela fazia naquelas terras, visto que ficava claro seu berço e sua origem no sul. Um phisycian e seu sobrinho também estavam em viagem conosco. Era um velho conhecido da mãe de Draco e com as recomendações dela, tinha o consentimento do Jarl do Norte para continuar suas pesquisas naquela região.




             Quando os portões do posto se abriram uma onde vozes em coro ovacionava a chegada do Grande Jarl. Os homens estavam no calor da batalha, era contagiante, a certeza que a guerra seria vencida e que todas as fronteiras do norte se fechariam tornando Torvaldslands soberana. Havia o orgulho estampado na face daqueles guerreiros e eu, me orgulhava dele. Descalça e presa à leash de Draco eu atravessei aquelas ruas. Mãos e braços tentavam toca-lo e a dificuldade de manter-me em seu encalço crescia. Os olhos dele me buscavam preocupados no meio da multidão que se formava. Eu o vi enrolar a corrente na mão e me puxar ate que meu corpo estivesse rente ao seu.  Pude notar a infinidade de olhos caírem em mim, tantos dos guerreiros que me observavam como uma bela peça a ser apreciada, quanto o olhar de algumas livres que o saudavam a uma distancia segura, todos avaliavam a escrava que tinha vindo com o Jarl.



              No grande salão destinado ao Jarl foi que pude respirar aliviada. Os gritos e burburinhos ficavam para trás. O fogo era estava aceso e logo passos vinham apressados saudar o senhor da casa. Eram as escravas do local, que me olhavam de soslaio enquanto reverenciavam o Jarl.  Previ problemas. Eu tinha me esquecido como o lugar de uma escrava é disputado. Eu era uma estranha ali. Elas eram as antigas da casa eu a novata que vinha com o Jarl e que deveria entender meu lugar.

          Entenda que existe uma competição, nem sempre velada, entre as escravas. Para elas, eu representava um possível obstáculo na conquista da preferencia do mestre. Provavelmente, na calada da noite ou em algum momento longe da vista do Jarl, eu levaria uma pequena surra para ficar ciente do meu lugar ali na casa e meus dias seriam um inferno ate que eu conquistasse o respeito de todas.  Existe uma hierarquia entre elas, geralmente definida pelo tempo de servidão na casa ou em decorrência da designação do Jarl.

          Draco como mestre era ciente dessa disputa interna. Os mestres em geral não se importam com isso, costumam se divertir com essa concorrência e não interferem, desde que, a garota não sofra danos maiores, é de crença geral que uma menina deve impor-se e lutar pelo seu lugar, isso a torna forte e digna. Mas o caso ali era um pouco diferente. Percebi que Draco não permitiria e tão pouco me relegaria a uma situação de humilhação ou risco, por menor que ele fosse. Draco tirou do cinto de mestre o seu chicote e o entregou a mim diante delas, deixando claro que ali, eu era a first e que a casa estava sob o meu comando.  Eu percebi o desagrado no olhar delas, mas sorriram e assentiram me dando as boas vindas. Provavelmente em seus íntimos indignavam-se com isso e pensavam em uma forma de lidar com a situação. Eu não era mais uma livre, mas o chicote me dava à vantagem, mesmo assim eu teria trabalho, deveria conquista-las e conseguir o respeito ou eu teria que dormir com os dois olhos abertos.


                                                                                             Kalandra - Slave Girl
                                                                                        Propriedade de Draco Hi Jarl