A parte mais difícil foi convencer Thássia a unir-se em contrato
de livre companheirismo. Devo dizer que ela relutou muito, a ponto de tentar
fugir do palácio em Lydius e despertar ainda mais a fúria de Draco. Não que ele
estivesse plenamente de acordo com essa união, Draco, ainda via em Thássia a
sua garotinha, mas não admitia que o desobedecessem e convence-la coube a mim.
Fazer Thássia entender o quão vantajoso poderia ser o casamento com esse
garoto, de uma boa família, alta casta e jovem, exigiu de mim uma grande dose
de paciência. Ela é turrona, tanto quanto o pai e disposta a não ter sua
vontade ou planos dobrados. Mas ela compreendeu, que melhor do que envelhecer
junto ao fogo de um longhall em Tisrq-Jula, era poder continuar seus estudos,
em Ar, longe do controle do pai e ao lado de um homem jovem, ao qual ela
pudesse ter uma influencia maior.
Ivar havia subido conosco para o Norte. Os
planos para tomada de Rive de Bois deviam ser traçados. Um grande exército de
Tarsman o acompanhou e tomou a cidade de Lydius. Vittus e Kamal chegaram na Mão
seguinte e os preparativos para o contrato seguiam intensos. Fiz questão de
garantir que todos os detalhes estivessem à altura do contrato da filha de um
Ubar, e para isso, contei com um trunfo que me foi dado por Ivar, Seth, o
escravo de sedas de Ahleena. No norte, um Kajirus não tem muita utilidade, ele
seria jogado para os estábulos sob o comando duro do chicote de um feitor, mas
era uma estupidez desperdiçar o treinamento daquele Kajirus. Um escravo versado
em Ar, nas artes do prazer e do entretenimento e que me seria muito útil nos
preparativos do casamento.
Lydius é uma cidade do Norte, que mistura
o estilo Torvaldslander com os moldes das grandes cidades do Sul. Desde sua
arquitetura, trajes e hábitos, esses dois estilos se misturam e se dividem. Há
castas em Lydius, o que é tão importantes para um Torvie quanto um o granir de
um Gant, mas, os nobres de Lydius se orgulham disso e tendem a nos consideram
primitivos e ignorantes. Eu estava disposta a mudar isso. Draco precisava do
apoio daqueles vermes para governar e era essencial que essa visão mudasse. Dinheiro,
luxo e muitas possibilidades era o que eu estava disposta a mostrar, como
farelos jogados aos vulos, os chamando para comer, e Seth me ajudaria nisso.
Foi difícil convencer Draco a não matar o
Kajirus quando o pedi para mim, mas por fim, ele cedeu com a condição que o
escravo não ficasse a meus pés e tão pouco o deixasse deitar os olhos sobre ele
na casa. Algo fácil de ser resolvido. Tirei Seth dos estábulos, machucado
e ferido. Kajirus não são bem vistos entre os Thralls e feitores. O garoto
havia sido sujeitado a todo tipo de maus tratos e humilhação, usado com uma
garota, ele havia conhecido o inferno. Eu oferecia uma nova chance para ele, algo que ele
jamais ousaria sonhar em sua nova vida no norte. Ordenei que lhe banhassem,
tratassem seus ferimentos, lhe dessem comida, uma cama quente, que não fosse
tocado por ninguém sem minha ordem expressa e por fim, entreguei-lhe o chicote.
Ele deveria usar todo o seu conhecimento para me ajudar com os preparativos da
festa e garantir que as bonds do palácios se portassem como kajiras de Ar.
Não tive do que reclamar, Seth honrou a
missão dada de forma impecável e me ajudou a garantir que o festa do contrato
de Thássia fosse digno da filha do Ubar do Norte, o grande High Jarl. Toda a cidade
foi decorada. Jarls vieram de todos os cantos de Torvaldsland com suas
comitivas e bandeiras coloridas. Os administradores das cidades conquistadas ,
vieram , trazendo presentes e reforçaram sua lealdade junto ao High Jarl. Foram
três dias de festas, muita comida e bebida. As portas do Grande Salão se
abriram para os nobres de Lydius, assentados conforme sua importância acima ou
abaixo da linha do sal. Assim, Seth garantiu seu destino dentro do palácio me
servindo, os estábulos eram agora apenas uma lembrança ruim, um aviso do que
poderia lhe acontecer se não me servisse bem.
Thássia partiu para Ar, ficariam residindo
em nossa casa na esplendorosa cidade. O estudo dela como Medica continuariam,
Vittus teria nosso apoio para seus estudos de Magistrado e Gaius iria
providenciar para que o garoto fosse aceito em Ar. Seria uma questão de tempo
ate que os filhos viessem, um cargo maior fosse conquistado por meu genro e uma
das nossas cidades dada a ele para governar, porque sim, por mais que eu amasse
e respeitasse os sonhos de Thássia, eu tinha planos para ela, não como médica,
mas sim, como Ubara!
Lady Kalandra
High Jarl'Woman do Norte