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No mundo ficiticio de Gor muitas historias se desenrolam, essa é apenas uma, nos links de blogs ha historias de outros que tem seus caminhos cruzados e costurados pela agulha do destino, suas vidas contadas nas trilhas desse mundo brutal.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Sobre as Areias do Tahari




Kazra foi nosso destino, na cidade portuária as margens do Baixo Fayeen, Tobyr , por ordem de Draco, providenciou uma casa para abrigar toda a comitiva Torvie. Não preciso dizer da agitação reinante na cidade com nossa chegada. Não era comuns homens do Norte naquelas terras. 

Concordamos que eu iria sozinha para encontrar Ivar no Oasis de Saphir, Draco esperaria em Kazra, enquanto eu trataria de iniciar as conversas e convencer Ivar da necessidade da aliança. Não que isso tenha sido do agrado de meu senhor, mas ele estava, devo citar, colaborativo. Três dias foi o prazo que ele me deu, nada mais, ou ele mesmo invadiria “o Palácio de Areia” de Ivar e me arrancaria dali. A sempre sutileza do Tarsk Negro.


Havia uma comitiva de Ivar a minha espera, o que pareceu irritar ainda mais Draco. Ele não me permitiu partir no mesmo dia, e fez, Hakin, o primeiro espada de Ivar, e toda comitiva, me esperar por dois dias. Dias esses que ele inventava algo importante para fazer , como escolher escravas que ficariam na casa a servi-los, (não que me desagradasse, eu ate preferia escolhe-las, mas ora, ele nunca me chamou para escolher uma única sequer escrava que ele já tivesse adquirido para o seu harém) ou mesmo fazer as compras no mercado para deixar a casa abastecida. Sim, eu sei, são tarefas de uma mulher e boa esposa, mas Tobyr já tinha lotado aquela dispensa com todo tipo de mantimento possível.

No terceiro dia, não tendo mais desculpas a dar, foi me permitido partir. Tive a sensação de deixar uma criança triste para trás, mas era necessário. Era vital que eu garantisse o terreno para a futura conversa de ambos, e também, eu ansiava por ter aquele tempo com meu filho. Foram três longos dias de viajem dentro de uma liteira puxada por kaillas. A paisagem avermelhada , o calor causticante e as noites frias e estreladas do deserto a cada acampamento montado. Eu percebi a animosidade no olhar de Hakin para mim. Creio que ele não compreendia, qual a importância daquela mulher de hábitos estranhos para o seu mestre, Elijah, como meu filho era conhecido entre eles. Nosso parentesco era desconhecido e um segredo a ser mantido , pela própria segurança de Ivar.


E ele me esperava , do alto das ameias da murada de seu kasbah, quando no terceiro dia de viagem avistamos o Oásis. Meu coração explodiu em uma alegria única e foi preciso me conter para não estragar o segredo e saltar nos braços do meu filho. Ali , eu era apenas a High Jarl'Woman do Norte, uma estranha visitante que levantava perguntas e suspeitas de todos sobre os meus objetivos ali. Afinal, o que queria aquela mulher que viajava sozinha, sem o companheiro, tão longe de sua casa, para falar com o Ubar do Kasbah?

Meu filho Ivar, ou melhor Elijah, havia se unido em um livre companheirismo com Ahleena, filha de Gaius e Nidia de Ar. Um dos vários eventos na vida do meu filho que perdi, pela rusga entre pai e filho, eventos estes, que não estava disposta a perder novamente. Eu estava decidida, e iria fazer o que fosse necessário, passar por cima de quem atravessasse meu caminho, para unir minha família novamente.

Depois que passamos os portões do palácio, depois de todos os guardas e escravos dispensados, ali, sozinhos naquele grande salão, pude jogar-me nos braços de meu filho e matar toda a saudade de anos de distancia. Ele parecia mais velho do que me lembrava, algumas leves rugas no rosto moreno, queimado de sol, apareciam no canto dos olhos. Ele estava feliz, tanto quanto eu e a presença de Ahleena com seu kajirus junto aos seus pés, pareceu-me secundaria. 


Ceamos e rimos bastante, contando as novidades e revivendo as memorias, não falamos dos motivos da minha presença ali no kasbah e já era tarde da noite quando me recolhi à ala leste do palácio. Uma ala inteira montada para mim, Um luxo estonteante para os olhos, com salões repletos de plantas, fontes , sedas e ouro.  
"- Digno de uma Ubara. A minha Ubara!"

 Ivar sempre foi um sedutor, talvez por isso, eu nunca consegui dizer não a ele. E naquela noite, assim com nas outras , matei em seu corpo e nos seus lábios toda saudade que tinha.


A história da mulher do Norte que era enviada pelo companheiro para visitar o Ubar do Oásis de Saphir, despertou a curiosidade Kamal Farad do Oásis de Siwa, que foi em pessoa conferir a veracidade dos fatos. Ivar, ou Elijah, o recebeu e ofereceu o vinho e o sal, dando a ele a hospitalidade em seu Kasbah. Kamal era um homem duro, de olhar firme, do tipo que não estava acostumado a ouvir um não, ou ser desagradado. Percebi o olhar curioso que ele lançava sobre mim, uma mulher sem véu não era comum naquelas terras, mas a segurança do palácio de meu filho, me dava a liberdade de manter o costume do Norte. Segundo Kamal, o motivo de sua presença, era ter ouvido que eu estaria presente, e dessa forma, propor um livre companheirismo entre minha filha e um protegido seu, bem nascido e de alta casta, que estava sobre a sua tutela, Vittus Lawcet de Siwa. O nome me soou familiar, e casar Thassia já estava nos meus planos, por isso, mesmo com Ivar enciumado pelos olhares que Kamal me lançava, concordei em recebe-los em nossa casa em Kazra, e talvez, decifrar melhor as intenções daquele homem.


Foram três dias intensos, onde apenas estar um com o outro importava. Tomei conhecimento da rotina da casa de meu filho. Sua felicidade me importava, logo, meus olhos caíram e Ahleena que estava gravida e na insistente e perigosa presença do  escravo sempre a seus pés. Nada contra, Seth , o Kajirus já pertenceu a Draco e foi dele que Ahleena o comprou. Mas ela agora não era uma mimada Lady de Ar e sim a Ubara de Ivar, do qual, esperava um herdeiro, e , aquela situação poderia gerar maledicência, abrir uma brecha para os inimigos do meu filho, e ate mesmo contestar a paternidade de seu futuro herdeiro. Era essencial manter Seth , afastado dela, longe de seus aposentos, pelo menos ate que meu neto fosse concebido, depois , ela poderia valer-se dele novamente.

Ivar entendeu a situação e concordou, já Ahleena , sentiu-se afrontada. Mimada como era, passou por cima das ordens de Ivar e voltou a requisitar o escravo em seu quarto. Oras, não foi difícil descobrir a pequena arte de Ahleena, já que eu mesma havia infiltrada uma escrava para servi-la de perto. Em consequência disso, Seth foi severamente açoitado por Ivar e dado a mim, para ser levado ao norte para ser vendido ou morto. Não negaria isso para o meu filho, ajuda-lo a livrar-se de um problema. Draco talvez não gostasse da ideia, mas depois com calma eu o convenceria.

Eu estava disposta a não abrir mão da convivência com meu filho e com meu futuro neto e para isso, minha missão tinha que ter êxito. Nas várias ocasiões em que estivemos junto abordei lenta e cuidadosamente o assunto. Ivar sabia, que havia algo mais por trás da surpreendente permissão de Draco em minha visita. Haviam magoas e cobranças guardadas por parte de ambos. Draco nunca perdoou Ivar, por ser ele mesmo, e Ivar, nunca perdoou o pai, por não aceita-lo como ele era. Eu sentia a dor dos dois, e via em ambos os lados as razões e os erros.  Mas Ivar estava suscetível e também decidido a poder ver a mãe e irmã quando quisesse. A idade o amadureceu, os valores familiares ficaram mais fortes, a saudade e a solidão por estar em uma terra que não era a dele talvez tenham pesado, o fato é que ele aceitou e o mais importante, me prometeu, ouvir o pai, sem arrogância e sem magoa.


E foi assim que na manha do quarto dia, a minha caravana retornava a Kazra, tendo Ivar e Ahleena a me acompanhar. Draco seria avó e seria avisado disso por ambos. O impacto dessa noticia, eu tinha certeza, mudaria tudo. Que trunfo maravilhoso os deuses me davam!



                                                               Lady Kalandra
                                                             High Jarl'Woman

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