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No mundo ficiticio de Gor muitas historias se desenrolam, essa é apenas uma, nos links de blogs ha historias de outros que tem seus caminhos cruzados e costurados pela agulha do destino, suas vidas contadas nas trilhas desse mundo brutal.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O Sequestro



A lembrança desses acontecimentos ainda corroi a minha alma, ainda me trazem vergonha, dor e sofrimento. Tenho lutado para me livrar das marcas que esse episódio deixou em minha vida.


Foi em  em uma manhã, inicio do outono em Lydius, Draco havia partido em viagem para Kassau, na tentativa de conter uma pequena revolta que se instalava na velha cidade, as Margens da Floresta do Norte, reclamada pelos Iniciados. A caravana de Quintus havia chegado à Lydius e pedi como de costume que Bors formasse uma pequena guarda para me acompanhar até o acampamento do mercador, fora dos muros da cidade.

       Eu estava magoada com Draco,. O pequeno presente de Kamal para ele, Meera, a escrava negra de Schendi, tinha se transformado no maior dos meus infortúnios. Eu a descobri gravida de meu companheiro. Segundo ele, um lapso, um erro não pretendido. Ele havia se passado no vinho da escrava. Tem ideia de como aquilo soava para mim? Sabe qual o costume Torvalds para subjugar uma mulher livre? Ela é atirada no circulo, contra a vontade, ou a encontra lamina da espada, então o vinho lhe é dado e somente depois, ela é aberta. Eu o vi, tantas vezes, fazer isso. Tantas vezes que já perdi a conta. Cada vila, cada cidade, cada mulher tomada por ele como espólio. E com nenhuma, ele se "passou” com o vinho. Pergunto-me, o quão fascinado ele ficou com ela, para querer que ela desejasse o seu colar, para pular, todo e qualquer tipo de ritual que ele mesmo se impunha para tomar algo que não deveria ter importância alguma.

      Eu pensei que talvez as compras me ajudassem a retirar essa nuvem negra e pesada que rondava meus pensamentos. Devo admitir que tive ímpetos em mandar mata-la, em vendê-la como fiz com outra escrava no passado. Tinha medo, medo que ele me trocasse por ela, medo que a historia se repetisse, medo que o filho que ela lhe dava, filho ao qual neguei quando me foi pedido, tomasse o lugar dos meus filhos, tomasse o meu lugar em sua vida. Mas não podia. Ele sabia da gravidez, eu mesma , inocentemente o avisei. Achei que era filho de Kamal, e que teríamos um grande trunfo contra o tahariano. Ledo engano.

       Nada que Quintus me apresentava conseguia tirar a dor que fazia morada em meu coração. Por fim, decidi encerrar aquela visita infrutífera e retornar aos muros de Lydius. Foi quando o céu se cobriu de negro, o bater de asas misturou-se ao do vento e uma revoada de tarsman baixou em direção a minha pequena escolta. Quintus tinha me freado o passo, incomodado com o fato de que eu não me agradara de nada em sua caravana. Ouvi Seth, meu escravo gritar. Olhei para cima e as garras daquele animal se fecharam em torno de mim. Senti-me sendo levantada do chão por um bater de asas ensurdecedor, o solo ficava cada vez mais longe e uma vertigem tomou conta de mim. O vento açoitava meu rosto , os tecidos da minha roupa chicoteavam o ar. Ainda ouvi gritos e zunidos do que pareciam ser flechas , mas a balburdia do momento ia ficando para trás e a minha frente, os picos das arvores da floresta eram substituídos aos poucos pelos picos gélidos da montanhas da Terra dos Torvalds. Eu era levada para o Norte.

      Foram dias vividos no inferno. Um dos Jarls de Draco, insatisfeito com o rumo das coisas, resolveu depor o Tarsk Negro e tomar para si o que era , segundo ele, seu de direito, e atacou o ponto fraco do grande Senhor. Eu fiquei naquele acampamento por uma semana, sob o julgo do chicote e a rotina do estupro. Mas não me submeti. Homem algum , a não ser Draco , teria o seu colar em mim. Não no que dependesse de minha vontade. Eu preferia a morte. O frio, a fome e as algemas rasgando meu pulso pareciam me deixar em torpor. Pensava em minha casa, em meus filhos, na incerteza do meu destino. Perguntei-me se Draco viria me buscar, duvidei, eu sei, do amor que ele tinha por mim. Afinal, agora existia outra mulher que trazia em seu ventre uma semente dele, e em Gor, a troca de mulheres era algo tão banal, tão usual. Um novo contrato, uma nova Senhora do Norte, um novo herdeiro do High Jarl, nada disso soava absurdo. E Ivar? Ele me deixaria abandonada a minha própria sorte? Ele era a minha única esperança. 

        Confesso que os dias tiravam minha esperança, eu já pedia a morte. Estava exausta. Meu cabelo tinha sido cortado e já tinha passado por todo tipo de dor e humilhação. O acampamento se preparava para partir. Eu sabia, que quanto mais o tempo passasse , mais nos movêssemos, mais fácil seria perder a minha pista. Fui colocada em um dos tantos vagões de carga, jogada no interior sujo de um deles, coberta apenas por peles sujas e fedidas que mal me aqueciam. Foi quando ouvi um grito ecoando no acampamento e percebi, que algo estava acontecendo. Era a minha chance. A confusão se instalava entre os homens do lugar, forcei , chutando as tabuas velhas e podres do vagão ate que consegui arrebenta-las e arrastar comigo o anel escravo que me prendia. Esgueirei-me na neve , por baixo dos vagões. Havia luta, sangue, o lugar estava sendo atacado. Eu só pensava que tinha que sair dali para não cair nas mãos de outro. Ouvi o guinchar de tarns mas não olhei para o céu, foi quando senti uma mão me levantar do chão, Era um dos meus captores que tentava impedir minha fuga. Debati-me gritando e um vulto saltou sobre o homem que me pegava. Mal acreditei quando vi Seth, meu escravo , se colocando entre mim e o homem. Ele ia morrer, não era um escravo treinado, e teria caído ali, diante dos meus pés , se não fosse Hakin, um dos homens de Ivar a sangra o porco com sua espada. Ivar! A presença de Hakin significava que meu filho estava ali, ele tinha vindo me buscar. Dobrei os joelhos chorando de alegria. 

         Mas Ivar , não tinha vindo sozinho. Entre as lagrimas vi a figura majestosa de Draco que corria em minha direção, cortando com seu machado cada homem que se colocava no caminho. Ele tinha vindo me buscar, não tinha desistido de mim, seu amor por mim ainda existia. Naquele momento , eu era a mulher mais feliz de toda Gor. O seu amor, ainda era meu!


                                                                           Lady Kalandra
                                                               High Jarl's Woman do Norte
                                                                   Tatrix de Rive de Bois



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