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No mundo ficiticio de Gor muitas historias se desenrolam, essa é apenas uma, nos links de blogs ha historias de outros que tem seus caminhos cruzados e costurados pela agulha do destino, suas vidas contadas nas trilhas desse mundo brutal.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Conquistas

                  
                         Os dias se arrastaram sombrios e frios para mim. Retirei-me para os meus aposentos e deixe-me enredar num mar de vergonha e solidão. Olhava meu cabelo curto, as marcas no meu rosto e no meu corpo, os pesadelos que me assombravam as noites e me entregava a inercia e prostração. Não comia, não tinha coragem de ser vista, a vergonha era meu estandarte maior. Do quarto eu ouvia os gritos que cada um, envolvido em meu sequestro, bradava a cada tortura de meu companheiro e de meu filho. Mas nada aliviava. Draco ao contrario, sentia orgulho, e fazia questão de me falar que era uma batalha ao qual eu tinha saído vencedora. Mas a que custo? O que sabe um homem sobre as marcas que eles deixam em uma mulher?

                    Na quarta manhã apos a minha volta uma mensagem chegou de Rive de Bois. Era de Tobyr, informando que mercenários aproveitavam-se dos boatos sobre a Tatrix e o High Jarl do Norte, para atacarem os muros de Rive de Bois. O posto avançado havia caído e um cerco foi levantado à cidade. Ele pedia reforços para combater os homens de Wood Clea chus, um antigo posto avançado, tomado por mercenários, uma terra sem leis, que agora reivindicava Rive de Bois para si. Talvez o destino tenha sua maneira própria de resolver as coisas. Talvez os deuses utilizem rotas paralelas para conseguir o que querem. O fato é que, saber que minha cidade, meu povo precisava de sua Tatrix, me tirou do ostracismo ao qual eu tinha me enterrado.

              Eu não ia permitir que me tomassem a cidade, não ia permitir que o norte sofresse essa perda. Eu vi o olhar de Draco me cobrando uma atitude, exigindo que eu reagisse a eminencia do ataque que tomaria de nós o que tínhamos conseguido. Eu reagi, decidi que iria atender ao chamado, Eu queria lutar, extravasar toda minha raiva e impotência, descontar tudo o que passei naqueles malditos mercenários. Só restava conseguir convencer Draco a permitir me levar junto ao invés de me trancar em um dos seguros cômodos do Palácio de Rive de Bois. Ivar teve grande influencia na decisão de meu companheiro. Convenceu Draco, de que se a batalha fosse de alguma maneira perdida, o ultimo lugar seguro para a sua Tatrix, era o palácio. Seu Tarns, no alto, observando a luta, era o lugar mais seguro para a Tatrix. Caso algo desse errado, ele poderia voar de volta para Lydius me trazendo com ele. Draco ponderou e pelos Deuses, ele concordou.

               Devo dizer que me senti viva novamente, Uma motivação me arrastava e me fazia soltar qualquer corrente que me prendesse. Disfarcei-me é claro. Não era prudente que soubessem que o jovem guerreiro nas costas do Tarn do Paxá Elijah era na verdade a Tatrix e High Jarl woman do Norte.  Eu pude ver a batalha do alto, sentir o pulsar do sangue correndo velos em minha veia, a alegria da vitória quando o cerco caiu e Rive de Bois era novamente nossa.

               Quando retornei triunfante ao Palácio, a vitória nos acompanhava. Uma ordem era necessária para impedir novas tentativas. O fim de Woods Clea chus. E assim foi feito. Cada homem que levantou a espada contra o Norte e Contra Rive de Bois caiu naquele dia. O assentamento foi transformado em um posto avançado nosso. Mas havia muito dano como sequela daquela empreitada. Rive de Bois ia precisar de todo recurso possível para ser reconstruída, para se colocar o projeto dos canais em andamento, e ouro, depois de tantas campanhas de guerra, depois dos gastos fortificando Lydius e as fronteiras, do ônus que a contratação e implantação do ninho e de Tarsman geraram, era o que menos tínhamos. Havia uma necessidade urgente de se adquirir fundos e o se ‘var logo estaria às portas do Norte. Mas havia uma saída, ainda que arriscada, mas que contava com o calor da batalha e disposição dos homens: Tharna e suas minas. E assim era feito, Draco, marchou para Tharna.

           Eu? Segui com Ivar para o Tahari. Uma carta informava da proximidade do nascimento de seu filho. Draco não precisava de mim para tomar Tharna, precisava do machado e das lanças de seus homens, das bênçãos dos deuses, mas Ivar, ele precisava de mim, e se tinha algo que eu já tinha decidido, era que, eu não perderia novamente, nenhum momento importante do meu filho.

                Os deuses nos presentearam com um menino, um varão, nomeado com o mesmo nome do pai, Ivar. Junto, chegavam as noticias da conquista de Tharna. A prata fluiria para manter as fronteiras do Norte seguras. Parti assim que pude para Rive de Bois, mas antes, parei em Ar; eu precisava ver minha filha, contratar mestres para que pudessem tornar os solos de Rive de Bois férteis. Eu tinha poucos dias, e pretendia colocar a casa em ordem. 

             Em nossa casa em Ar, fui recebida por Vittus meu genro, sempre tão atencioso e educado. Um menino de ouro com certeza, um acerto na escolha para o contrato de Thássia. Minha filha para variar estava enfurnada na biblioteca ou no laboratório envolvida com suas pesquisas e estudos. O garoto, entregue aos cuidados e mimos da escrava ruiva que o servia, Tessália. Aquilo sim era um perigo completo, apenas minha filha não via. O pouca idade do rapaz permitia que ela tivesse um papel fundamental no controle de sua vida e do contrato, mas enfurnada sobre livros, esse espaço era tomado pela escrava, que já devia ter uma influencia maior do que a minha filha na vida de Vittus. E tinha meu neto. Três meses e nada de Thássia engravidar. Apesar de não gostar de me meter na vida de meus filhos, eu tinha que intervir. Era necessário.

           Conversei com Thássia e com Vittus, e decidi que eles voltavam comigo para Lydius. Vittus informou-se que tinha um trabalho a fazer para Kamal, algo que me interessou muito. Uma viagem a Helmustport, atrás de uma espécie de artefato que kamal desejava muito. Vi nisso a chance perfeita para aproximar meu filho de Thássia e tirar a ruiva do jogo. Ela iria com Vittus, e a escrava ficaria comigo. Afinal, os dois tinham que aprender a contar um com o outro. Vittus, não gostou, mas Thássia se empolgou. Ela tinha tomado para si as pesquisas medicas do tio e da mãe de Vittus. Fazer um trabalho de campo a animava. O mesmo gosto pela aventura que tinha Ivar estava também no sangue de Thássia.


             Mas outro assunto também veio a tona. Uma sombra do passado que rasgou minha família ao meio. Que deu origem a raiva e magoa que permeavam o relacionamento de pai e filho entre Draco e Ivar. O suposto sequestro de Thássia há anos atrás. Thássia nuca falou sobre isso, mas eu sabia que Ivar, jamais magoaria a irmã, ou faria qualquer coisa que ela não quisesse. Eu estava certa. Thássia havia concordado com a fuga, e pior, havia se calado todos esses anos, Medo do pai?  Provavelmente, ela era apenas uma garota, e viu Draco sacar a espada contra o filho e bani-lo de nossas vidas. Ela deve ter ficado assustada com certeza. Mas nos anos seguinte, ela viu as consequências disso e ainda sim, se calou. Draco foi duro com Ivar, e meu filho pagou um preço alto e pesado demais pra assumir uma culpa sozinho. E isso, eu pretendia consertar.




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