Rive de Bois estava sob cerco cerrado. As
tropas do norte misturavam-se aos Tarsman de Ivar e aos guerreiros de Kamal. Um
acampamento havia sido montado há alguns pasangs de distancia dos muros da
cidade. Eu segui com Draco para a guerra, não como a Jarlwoman, mas sim como
sua escrava. O colar novamente era colocado em mim para que eu pudesse
acompanha-lo. Muitos dos homens do norte sabiam de quem se tratava aquela
escrava, mas para os estrangeiros eu era apenas uma escrava, a preferida do
Jarl, a intocável, que servia à apenas ao Senhor do Norte.
Ivar foi o mais difícil de conter. Ele simplesmente não aceitava a ideia de que
a mãe estava em um colar, colocado pelo pai, em meio a uma guerra e correndo
perigo. Draco deixou claro a ele, que a mulher era dele e cabia a ele decidir
onde e como ela estaria. Era imprescindível que ele se controlasse, ou seu
próprio disfarce cairia. Somente depois que conversei com meu filho e ele teve
a certeza de que não era um colar forçado, seu espirito sossegou. Em seu
intimo, ele me entendia e seus olhos em silencio me perguntavam: Se era aquilo
que eu queria, porque não com ele? Uma resposta difícil para uma questão
complicada.
Kamal
foi o mais surpreso. Percebi que a situação o divertia e o intrigava. Por
diversas vezes tentou se aproximar e ate mesmo me humilhar em minha condição.
Mas ele é um homem como tanto outros e não é difícil surpreender quem sempre
espera o obvio. Draco percebeu o interesse de Kamal e eu um brilho diferente em
seus olhos. O Senhor das Areias desejava a mulher do norte. Draco tinha algo
que ele jamais com toda sua riqueza conseguira.
Pai e
filho lutaram juntos, e sangrei por cada um deles. Um grupo de homens liderados
por Bors teve a missão de ficar no acampamento e garantir, que caso a batalha
fosse perdida, a Jarlwoman seria levada em segurança para Lydius. Hakin,
primeiro comandante de meu filho, também foi colocado com a mesma missão. A
contra gosto, e achando que estava sendo punido, o taharian se manteve no
acampamento enquanto seus homens honravam suas espadas.
A vitória veio com sangue. Meu sangue derramado para salvar meu senhor.
Eu vi os olhos atônitos de Hakin e Bors que viam, sem entender, o sangramento
da senhora do Norte. Eu entrei em Rive de Bois em uma liteira,
inconsciente pela magia que protegia Ivar e Draco. Por três noites eu vive no
mundo dos sonhos, onde os espíritos cobravam seu preço de sangue. No amanhecer
do quarto dia eu despertei, Draco estava ao lado da minha cama e sorriu para
mim. Eu vi o cansaço em seu rosto, as olheiras que indicavam os dias acordados
velando o meu sono. A pergunta silenciosa de quem não entendia o que
tinha acontecido. Problemas de mulher. Foi a débil resposta que dei as suas
perguntas. Eles estavam preocupados, mas estava feliz por me ver despertar e
retomar a rotina de nossas vidas.
Naquela
noite, ele me mostrou Rive de Bois, me apresentou a cidade que era o berço do
Laurius. Eu vi as marcas e cicatrizes da guerra, expostas nos muros quebrados,
nas casas incendiadas, no povo amedrontado e faminto. A cidade pedia que suas
feridas fossem curadas.
-
Ela é sua.
Olhei para ele sem entender.
- Ninguém mais
que você a merece. Se não fosse por você, eu não teria ido ao Tahari, não teria
meu filho lutando ao meu lado, não teria conquistado Rive de Bois. Ela é um
presente meu para você.
Não
esperava tamanho mimo. Talvez uma joia ou vestido como fosse do feitio de Draco
em me presentear. Mas uma cidade? Estava além de qualquer sonho ou desejo meu.
Aquela cidade ferida e despedaçada me pertencia, Draco a entregava a mim,
confiava, e eu estava disposta a fazer por merecê-la. Era minha cidade, eu a
levantaria e a transformaria. Eu era agora a Tatrix daquele lugar e tinha
planos para Rive de Bois.
Lady Kalandra
High Jarlwoman
do Norte - Tatrix de Rive de Bois
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